terça-feira, 27 de outubro de 2009

S O L I T Á R I O

No fundo claro e frio a moça senta. Com o olhar longe e o corpo quase desmontado ela conta os centavos. Uma senhora se aproxima.
-Você está esperando?
-Estou pensando.
-Cansou, é?
-Não! É que não sei o que fazer!
-Doeu?
-O que?
-As rosas?
-Ainda doem.
-Porque deixou crescer tanto assim?
-É que não pensei que tivesse tantos espinhos.
-Faz feliz e dói?
-É!
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No hospital uma mão apóia no vidro e chora ao ver seu fruto, agora em centimetros!
Os olhos são dele, as mãos dela, o cabelo ainda não se sabe, a boca dele, o nariz é um pouco de cada. O gênio forte como ele. A mania como ela.
Ahhh, o nome....Que bela história!
Tão inesperado e Tão desejado! O motivo da vida!

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No quarto a menina fecha os olhos e sonha com o dia em que sentirá o seu filho saindo de dentro, com o rostinho colado no seu para o primeiro contato. Imagina a emoção que sentirá com algo tão divino! Tão inédito!
Inédito???
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-Já vou!
-Já sabe para onde?
-Sei que vou com elas, o caminho não importa.
-Olha menina...O tempo não tem ponteiros como no relógio. Não volta! Veja lá o que vai fazer! O amor é o segredo.
-A senhora sabe contar? Estou aqui ha horas e não saio da mesma moeda!
(velha pega as moedas)
-Eu tinha uma gata (olha para a moça) ela era silenciosa...nem o olhar dela dizia muito...As vezes ela ficava olhando para o corredor, para a porta, janela, como se fosse levantar. Ela ficava esperando. Tenho certeza!!! Toma suas moedas.
-Amor! (volta e olha) não sei se cabe nessa palavra...Existe mais que isso?
-Não conheço.
-Será que é para doer mesmo?

O animal da nova cédula

O vazio entre a medida é o que o fez escolher.
Entre o certo e o incerto não existe lugar.
O corpo presente que não preenche o espaço, não substitui a voz que bate, que levanta.
Hoje percebi o quanto o "desumano" nos toma.
A compreenção, o diálogo e a empatia são animais das novas cédulas.
Enquanto vivemos, esquecemos da evolução -talvez o motivo pelo qual estamos aqui!- e devoramos, mastigamos os erros dos outros e ainda reclamamos da azia que isso nos dá. Somos incapazes de nos diferir dos animais e dialogarmos.
A fala é cada vez mais extinta, a internet é mais rápida, o tempo para a conversa é inverior ao de um miojo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sem nada por dentro

Tenho uma imensidão de coisas a fazer, e esse vazio arrebata meu corpo...Merda!















Gostaria de sentir prazer em ser só!



















Tenho um gato, um cachorro, um papagaio, um periquito, um rato, um namorado!!!!


Queria entender, pq colocamos nossos sonhos no outro...Mudamos nosso rumo juntando as estradas, sem perceber que o caminho vai ser diferente.


Uma mão aperta minha garganta... Não adianta, quando fechamos os olhos eu vejo o meu sonho, e você o seu! Quando olhamos para a frente você vê o seu passado, e eu o meu.





Quem mais sente a minha ansiedade?













Queria estar com a cabeça vazia.

sábado, 3 de outubro de 2009

um novo nome.

Ciranda andava pela calçada, mais precisamente pela guia. Era escuro.